segunda-feira, 22 de abril de 2024

160 anos "O Evangelho segundo o Espiritismo", por Carlos Seth Bastos



Dando seguimento à nossa série sobre os 160 anos do lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec, o artigo da vez é o do nosso confrade Sir CSI, Carlos Seth Bastos (Jacareí - SP), grande pesquisador espírita, autor de importantes livros historiográficos para a nossa doutrina e diretor da fanpage CSI - Imagens e registros históricos do Espiritismo no Facebook, que já é uma referência em matéria de História Espírita.

Para começar, ele levanta uma questão bastante relevante: a imprecisão do dia exato do lançamento da obra que estamos destacando nesta série de artigos, mas o enfoque principal é outro, de ordem filosófica. Pois é! O nosso amigo não tem apenas "história" pra contar; ele é multiversado! Por isso, vale a pena conferir o texto dele, que ofertamos a seguir:


Ética teórica e prática moral do espiritismo

Carlos Seth Bastos

O movimento espírita adotou o dia 15 de abril de 1864 como a data de lançamento da Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo, obra que precedeu a versão definitiva de O Evangelho segundo o Espiritismo.

Não sabemos de onde surgiu esta data, pois a Declaração do Impressor é do dia 8 de janeiro de 1864. A Revista Espírita de abril, normalmente publicada no início do mês, anunciou que a obra já estava à venda. Tal informação foi corroborada pelo jornal La Presse do dia 11, que anunciou que o título estava publicado desde a semana anterior, que se iniciou no dia 3. Em uma carta ao Sr. Edoux, do dia 15, publicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Allan Kardec informou que tinha enviado um certo número de exemplares a Lyon no dia 14, e que alguns descuidos do impressor exigiram a reimpressão de certas partes, o que havia causado uma demora imprevista para o lançamento da obra. O registro da obra no jornal Bibliographie de la France, que normalmente acontece dias depois do Depósito Legal, foi feito no dia 16. Finalmente, o Novo Dicionário Universal de Lachâtre mencionou apenas abril.

Fonte: La Presse de 11 de abril de 1864.

Não vamos nos deter aqui em outros aspectos históricos, como os primeiros títulos pensados por Kardec durante o projeto do livro (As vozes do céu e As vozes do mundo invisível) [1], plano que ele já acalentava desde antes do início de 1862 [2], e que foi totalmente reestruturado para a obra Imitação, depois “revista, corrigida e modificada” com alterações importantes na edição definitiva de O Evangelho de 1866.

Também não desenvolveremos a questão da identificação dos médiuns e Espíritos utilizados, nos limitando a informar que contamos 14 prováveis médiuns [3], cerca de 47 Espíritos e 14 localidades diferentes.

Destacamos apenas que na mesma época em que o pintor Claude Monet esteve em Sainte Adresse, comuna da Normandia, no Norte da França, Kardec esteve lá preparando O Evangelho, o qual terminaria depois da sua volta ao lar, na Villa de Ségur. Na UFJF estão disponíveis muitas das cartas trocadas com a esposa, Amélie Boudet, durante o período, já que ela o acompanhou apenas no início da viagem.

Kardec era um homem racional e religioso, assim como Kepler, Newton, Pasteur etc. Muitas vezes suas preces ao D. T. P. ou ao S. D. T. P. (Senhor Deus Todo Poderoso) foram registradas por ele em manuscritos, apenas alguns já disponibilizados pela Fundação Espírita André Luiz (FEAL) na página da UFJF.

O fato do método da Concordância Universal do Ensino dos Espíritos (CUEE) estar na Introdução de O Evangelho, ilustra esta característica, racional e religiosa, do antigo mestre de pensionato, mas também não será nosso objeto de reflexão aqui [4].

Então, para homenagear os 160 anos da publicação de O Evangelho segundo o Espiritismo, ainda com o título anterior de Imitação, procuraremos fazer uma brevíssima análise em relação à ética teórica e à prática moral do espiritismo comparadas ao empirismo britânico, ao idealismo alemão, ao utilitarismo moral e ao existencialismo ateísta, através dos respectivos representantes, Allan Kardec (1804-1869), Thomas Hobbes (1588-1679), Immanuel Kant (1724-1804), John Stuart Mill (1806-1873) e Jean Paul Sartre (1905-1980), deixando obviamente inúmeros outros grandes pensadores de fora.

Para mostrar de forma simples um assunto complexo, usamos outro método aplicado por Kardec: o de perguntas e respostas. É claro que tal comparação é por demais reducionista, e serve apenas para ilustrar timidamente algumas nuances destes movimentos e filosofias.

Quais seriam as palavras-chaves para identificá-los?

Para o espiritismo, a parte moral poderia se resumir à lei natural de amor, justiça e caridade. Para o empirismo de Hobbes, que tem como objeto principal a política, mas que também desenvolveu pensamentos sobre a moral, seria o contrato social, que garantiria a ordem. O imperativo categórico ou a lei moral universal seriam um dos pilares do idealismo de Kant, que para o utilitarismo de Mill seria a maximização da felicidade. As palavras-chave para o existencialismo de Sartre talvez sejam a liberdade radical com responsabilidade autêntica, sem má fé.

Em relação à autonomia moral, quais seriam as visões destes pensadores?

No espiritismo, as leis de Deus estão inscritas na própria consciência e cada um tem a liberdade de seguir ou não essas leis, arcando com as consequências.

Já para Hobbes, os indivíduos cedem parte da sua liberdade em troca da segurança e da ordem proporcionada pelo Estado, portanto a moral deriva de um contrato social, de leis e normas estabelecidas pelo Estado.

Para Kant, o fundamental é a liberdade individual de tomar decisões éticas segundo a própria consciência. Em outras palavras, a moral é determinada pela própria razão humana. Ao tomar uma decisão, devemos nos perguntar se a máxima por trás da nossa ação poderia se tornar uma lei moral para todos. Se a máxima não puder ser universalizada sem gerar contradições ou injustiças, então ela é moralmente inaceitável.

A liberdade individual também é um valor fundamental para Mill, mas a melhor ação é aquela que produz o maior bem para o maior número de pessoas, portanto a autonomia é limitada pelos direitos e pelo bem-estar da maioria da sociedade.

Por outro lado, Sartre acreditava que fôssemos livres para escolher nosso destino, sem maiores consequências, a não ser a própria autoafirmação e a realização individual, embora fôssemos também responsáveis pelas nossas escolhas. Ao culpar fatores externos ou mesmo a natureza humana, estaríamos agindo de má fé.

Quais seriam então as consequências das más ações?

Para Sartre seriam o remorso, a raiva, o isolamento, o prejuízo à reputação etc. Da mesma forma Kant, que diria ser o remorso, a culpa, a insatisfação consigo mesmo, independentemente de possíveis consequências externas. Do outro lado teríamos Mill, que falaria do prejuízo ao bem-estar da sociedade, e Hobbes, que mencionaria o caos, a desordem, a violência, a criminalidade, a instabilidade política, o declínio do bem-estar social.

Kardec complementou Kant e não se deteve nos limites de Mill, apresentando a imortalidade e a reencarnação com possíveis repercussões da vida presente.

Que controles poderiam ser exercidos em relação às más ações?

O empirismo de Hobbes e o utilitarismo de Mill apresentam respectivamente soluções parecidas: punição pelo soberano, combinado com educação e promoção de valores morais; ou leis criadas por um governo democrático que represente os interesses da maioria da população.

De outro lado, Kant e Sartre mencionam que deveríamos apenas agir com prudência para encontrar soluções para situações específicas, moralmente inaceitáveis; e agir com a própria consciência.

Kardec, por sua vez, nos fala de leis naturais e leis humanas.

Particularmente não cremos em recompensas e punições emitidas diretamente do próprio Deus, mas sim em consequências felizes ou infelizes das nossas ações, que podem ecoar por várias encarnações, e que são regidas por leis naturais estabelecidas por Deus. O processo de reencarnação deve ser natural, às vezes iniciado pelo cansaço de sofrer. Entendemos reencarnações felizes ou infelizes, de provas ou expiações, como escolhas de cada Espírito, mas ignoramos o processo de implementação destas escolhas. Podemos imaginar algum tipo de automatismo e ainda uma organização social, mas temos dificuldades em compreender qualquer milícia coercitiva na dimensão espiritual impondo reencarnações expiatórias para Espíritos mais rebeldes. Se há compulsoriedade, também desconhecemos o processo de execução.

De qualquer forma, a reencarnação deve ser obrigatória para todos os Espíritos que ainda não tenham atingido a perfeição. Não precisamos adulterar o pensamento de Allan Kardec para alinhá-lo a tais crenças pessoais ou a outras filosofias, que obviamente tem vários pontos de contato com o próprio espiritismo. Tampouco precisamos trazer os conceitos destes outros pensadores para o espiritismo, a não ser para a saudável comparação, se tivermos tempo suficiente de estudar Kardec e os demais.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, bem como em outras obras de Kardec, encontramos dezenas de menções a punições, penas, castigos, gozos e recompensas. Sempre as interpretamos como dores e sofrimentos provocados por nós mesmos, como consequências da violação das leis naturais, da mesma forma que a lei da gravidade nos pune se jogarmos uma pedra para o alto e ela cair na nossa cabeça. Um processo obsessivo, por exemplo, não nos seria imposto, mas seria consequência de como nossas ações foram recebidas por aqueles que prejudicamos.

Deus deve ter nos criado, bem como suas leis naturais. Nós criamos nossas leis para viver em sociedade. Se não as seguir, seremos punidos com o seu rigor. Se não formos pegos pelas leis humanas, e nos sentirmos culpados, seremos punidos pelas leis divinas, através da própria consciência ou externamente, através da repercussão que nossas ações tenham causado em outros.

O livro publicado há 160 anos por Kardec nos ajuda a refletir sobre a melhor conduta, optando por seguir as leis de Deus e sermos felizes, ou não!

Poder-se-ia argumentar: por que não O Alcorão segundo o Espiritismo; O Pentateuco segundo o Espiritismo; Confúcio e Mêncio segundo o Espiritismo; etc., etc., etc.? Camille Debans, crítico do espiritismo, fez exatamente isso em Discours contre le spiritisme par um medium incredule. Mas na França do século XIX, bem como no Brasil dos séculos XX e XXI, a compreensão destas leis, que são universais, explicadas pelo espiritismo, tiveram mais apelo entre os católicos, assim como o tiveram entre os protestantes nos países anglo-saxões.

Retiremos pois de O Evangelho segundo o Espiritismo, a essência da ética que permeia todas as religiões, a regra de ouro ou da reciprocidade [5], e tentemos aplicá-la nos mínimos detalhes da nossa vida cotidiana. Parece simples, mas a todo momento percebemos quão longe estamos desta meta: a impaciência no lar, a ausência de respeito de vizinhos barulhentos, a falta de gentileza no trânsito, o relacionamento abusivo no trabalho, a carência de boa vontade entre trabalhadores da casa espírita, a arrogância e o pouco tempo para ouvir e aconselhar.

Sigamos pois, cada um, o nosso caminho! Saibamos comemorar os 160 anos de O Evangelho, com um pouco mais de ação.

Carlos Seth Bastos


Notas

[1] Com anúncios nas contracapas de obras publicadas por Kardec em 1862, como a 1ª edição de O Espiritismo na sua mais simples expressão e a 3ª edição de O que é o Espiritismo.

[2] Conforme deduz-se da carta de 10 de fevereiro de 1862 para o Sr. Sabo, disponível na página do Projeto Allan Kardec da UFJF.

[3] Grande parte está identificada na obra Espíritos sob investigação: resgatando parte da história.

[4] Reflexões sobre o tema estão no livro Espiritismo sob investigação: avaliando sua progressividade, bem como no bônus adicional “A esperança”, disponível em https://www.luzespirita.org.br/index.php?lisPage=livro&livroID=204; acesso em 13/04/2024.

[5] Hinduísmo: Esta é a suma do dever: não faças aos demais aquilo que, se a ti for feito, te causará dor. − Mahabharata 13, 113.8 | Budismo: Não atormentes o próximo com aquilo que te aflige. − O Buda, Udana-Varga 5, 18 | Confucionismo: Não façais aos outros aquilo que não quereis que vos façam. − Confúcio, As Analectas 15, 23 | Cristianismo: Portanto, tudo que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles. − Jesus, Evangelho de São Mateus 7, 12 | Judaísmo: O que é odioso para ti, não o faças ao próximo. − Talmude, Shabbat 31ª | Islamismo: Nenhum de nós é crente até que deseje para seu irmão aquilo que deseja para si mesmo. − Sunnah (Sahih Muslim, Livro 1, Hádice Número 72) | Fé Baha’i: Não coloques em ninguém um fardo que não desejarias para ti, e não desejes a ninguém o que não desejarias para ti mesmo. − Baha’u’llah, Suriy-i-Muluk (44). Claro, não vale para o masoquista!!


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Lembrando que a obra O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec está disponível livremente disponível para download na nossa Sala de Leitura.


Veja aqui os artigos anteriores da série especial 160 anos do lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo.

Continue conosco e acompanhe os próximos artigos da série.

"Fluido", novo verbete da Enciclopédia Espírita Online

 

Certos termos técnicos por vezes dificultam pesam uma leitura e dificultam a nossa compreensão, não é verdade? Pois bem, é também no sentido de facilitar o entendimento do jargão do Espiritismo que promovemos a Enciclopédia Espírita Online, que, a propósito, vem hoje com uma atualização para destrinchar um desses termos técnicos complicados, mas altamente necessários para a nossa doutrina: "fluidos" é então o novo verbete da coleção, e está tudo muito bem explicado para facilitar a leitura da codificação espírita, já que é um termo bastante presente nas obras kardequianas.

Confira a sinopse do verbete:

Fluido é, em termos científicos, qualquer substância capaz de fluir (por exemplo, os líquidos e os gases) e que não resiste de maneira permanente às mudanças de forma provocadas por uma tensão de cisalhamento (tensão gerada por forças aplicadas em sentidos opostos, porém em direções semelhantes no material analisado); as substâncias fluídicas tendem a mudar de forma de acordo com o ambiente. A compreensão da natureza dos fluidos é essencial para o Espiritismo, no sentido de explicar conceitos fundamentais desta doutrina, tais como: a providência divina, a constituição e as propriedades do perispírito, os fenômenos mediúnicos etc. Neste sentido, a codificação espírita postula que, além das substâncias conhecidas pelas ciências humanas, há outras tantas formas materiais mais sutis, também ditas etéreas ou quintessenciadas — sendo a mais elementar de todas o fluido cósmico universal — e que são manipuláveis pelos Espíritos.

Representação gráfica de uma manipulação de fluidos espirituais 

De fato, quando estudamos as obras de Allan Kardec, desde os primeiros capítulos de O Livro dos Espíritos, depois em O Livro dos Médiuns e principalmente em A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, nós vamos nos deparar necessariamente com elementos doutrinários fundamentais, por exemplo, o fluido cósmico universal, fluido vital, fluido magnético etc. E a base de todos eles é o estudo do conceito e aplicação dos fluidos, tal como feito neste lançamento.

Confira a lista de tópicos do novo verbete:

  • Conceituação
  • Fluido na obra kardequiana
  • Contexto científico
  • Fluido no contexto terapêutico
  • Materialidade do mundo espiritual
  • Fluido cósmico universal
  • Força ou energia
  • Manipulação dos fluidos
  • Veja também
  • Referências

Então, não deixe de conferir esta atualização.

Clique aqui e acesse agora mesmo o verbete "Fluido".

sexta-feira, 19 de abril de 2024

160 anos "O Evangelho segundo o Espiritismo", por Rogério Miguez

 

Continuando a nossa série pelos 160 anos do lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec, com artigos especiais a respeito desta marca histórica, envolvendo nesta festividade a participação de grandes divulgadores do Espiritismo no Brasil e no exterior.

Hoje, reproduzimos aqui o artigo do nosso confrade Rogério Miguez, originalmente publicado na revista Reformador da Federação Espírita Brasileira, edição deste mês de abril. A excelsa mensagem é a da revivescência do Cristo através da obra kardequiana.

Confira abaixo!


Jesus ressuscitou mais uma vez há 160 anos
Rogério Miguez

Embora tenha sido muito breve, a vida do Cristo é tão importante para a Humanidade que provocou a divisão da História, aceita por grande parte dos cristãos. Para muitos, e contam-se em várias centenas de milhões, passaram a contar os tempos antes e depois do seu nascimento em Belém, representando esta cisão pelas conhecidas abreviações: a.C. e d.C.

Sejam seguidores ou não, crentes ou descrentes, existe uma preocupação ímpar em debater sobre esta singular personagem.

Sua existência ainda é questionada por alguns estudiosos e eruditos, mas para aqueles que passaram a segui-lo, ou pelo menos tentam acompanhá-lo de perto, Ele não só existiu, como reapareceu, radiante de vida, retornou da sepultura, após ter sido crucificado de forma trágica, em um episódio singular de que não se tinha notícia até então, fato registrado por alguns Evangelistas. O evento passou a fazer parte das festividades cristãs com o nome de Páscoa Cristã.

Jesus voltou, segundo alguns, pelo mecanismo da ressurreição, podendo ser definida pelo retorno à vida de um habitante do reino dos mortos, contudo, portando o mesmo corpo humano antes utilizado, mas totalmente restaurado, um conceito comum nas religiões abraâmicas, representando ponto de crença central no Cristianismo. A crença na ressurreição, difere da lei da reencarnação. A última prevê o retorno do Espírito à uma nova existência, mas com um novo corpo totalmente diferente.

Acredita-se que Jesus, além de retornar ressuscitado, ter também ressuscitado alguns personagens de sua época enquanto cumpria a sua inigualável missão, tais como Lázaro e a filha de Jairo. Narrativas insólitas nos obrigando a perguntar por qual razão não se repetiram ressurreições, exceto nestes relatos contidos no Novo Testamento?

Suas aparições pós-morte, como exemplos: à Maria de Magdala, aos Apóstolos e aos discípulos na estrada de Emaús, conforme Ele mesmo havia previsto, demonstraram serem verdadeiras as suas palavras sobre a imortalidade. Foi o testemunho máximo da perpetuidade da nossa vida no seio da eternidade. Provaram que existe a vida eterna, um postulado apresentado pelo Cristo durante sua existência  uma verdadeira Lei de Deus , que vinha sendo repetido em algumas ocasiões aos discípulos, registradas também pelos Evangelistas.

A surpresa foi enorme, pode-se imaginar, de todos os que o viram e puderam interagir com Ele por alguns poucos dias. Sua presença  ressuscitado , encheu os Apóstolos de ânimo, renovou a esperança de seus muitos seguidores, e porque não dizer de toda a humanidade, fortalecendo a fé vacilante de todos os seus devotos.  Caso Ele não tivesse retornado do reino dos mortos, o seu Apostolado teria sofrido rude revés, pois este foi um dos principais eixos de sua proposta renovadora: a existência da continuidade da vida, a tão desejada e buscada imortalidade. E mais, sua mensagem se perderia, a Boa Nova estaria enfraquecida em suas bases.

A morte havia sido por fim vencida! E Ele triunfou sobre ela!

Entretanto, embora venha sendo venerado em incontáveis Templos e Igrejas por séculos, suas ideias são pouco compreendidas e, acima de tudo, seus exemplos, não são seguidos. De ordinário, foram esquecidos, a ponto de quando um indivíduo deseja repetir as suas condutas neste tempos modernos, viver parcialmente como Ele viveu, é visto com estranheza e desconfiança.

Entretanto, muitos desejariam ter vivido naqueles memoráveis tempos, quando, na Terra, por aqui caminhou este Espírito puro, relativamente perfeito, o próprio Governador do orbe, o chamado filho do Homem. Os cristãos modernos dariam tudo, para ouvir algumas palavras do meigo Rabi. Partilhar um pedaço de pão, por menor que fosse, sentado à mesa com o Cristo equivaleria estar no Paraíso.

Quantos cristãos imaginam que se houvesse uma máquina do tempo capaz de levá-los em viagens ao passado, dariam tudo para serem conduzidos àqueles dias gloriosos, e pudessem escutar, ao vivo, as palavras do Senhor, se movimentando por aquelas regiões inóspitas e áridas, contudo, mesmo naquele ambiente rude, poderiam beber da água que estanca a sede definitivamente, de modo a nunca mais experimentarem a secura nos lábios.

Entretanto, tudo se foi. Tudo acabou. Apenas os registros de alguns Evangelhos mantém a memória daqueles fatos inusitados e surpreendentes, para alguns verdadeiros milagres, maravilhando todos aqueles que tiveram o especial privilégio de testemunhar, in loco, os surpreendentes atos da vida de Jesus.

Todavia, os mais atentos, e por infelicidade são pouquíssimos, perceberam que podem compartilhar das ideias e ideais do Cristo, na sua pureza máxima, e, sobretudo, da correta interpretação dos relatos sobre as suas condutas, desde o século retrasado, quando na localidade denominada de Cidade Luz, uma coincidência e tanto  a charmosa Paris , foi publicado um singular livro recuperando, recordando e explicando as máximas morais do Cristo, incluindo suas reais aplicações às diversas circunstâncias da vida, lançando intensa luz sobre as imortais lições crísticas. Este livro se intitulou: O evangelho segundo o espiritismo, que neste mês de abril comemora o 160° aniversário de sua publicação.

Por estas razões, a publicação desta obra, em abril de 1864, pode-se afirmar sem sombra de dúvida, representa outra ressurreição do Cristo, mas não semelhante àquela que aconteceu há dois mil anos, por tão pouco tempo e, em especial, para alguns  não , neste novo ressurgimento os ideais do Cristo estão, mais uma vez, à disposição da Humanidade na integralidade, contudo, sem alterações, inclusões, supressões, como sabemos que aconteceram nas traduções dos Evangelhos, em seus textos originais, ao longo do tempo.

A pureza do pensamento do Mestre dos mestres foi mantida e preservada neste livro, em todas as suas edições, com interpretações e elucidações preciosas que ainda não haviam sido trazidas à lume no mundo, ainda escondidas em alguns ensinos Dele.

As intrigantes e variadas Parábolas, sábio instrumento usado por Jesus para ensinar as massas, foram relembradas e comentadas de forma perfeita e, principalmente, interpretadas, não deixando mais dúvidas sobre qual é o verdadeiro fundo moral de cada uma, destacando, desta forma, a beleza do particular ensinamento contido nas respectivas narrativas.

Pode-se reviver falas memoráveis do Cristo explicadas dentro do espírito da verdade e do sentimento, não mais segundo as letras frias de alguns textos evangélicos. Foram recuperados vários discursos escritos sobre os principais temas abordados pelo Cristo, que Ele tanto gostaria que todos ouvissem e, especialmente, praticassem, visando a conquista da própria redenção.

Uma obra metodicamente organizada, bem ao estilo do compilador e Codificador Allan Kardec  a terceira das obras básicas publicadas , e, nos dizeres de seu próprio autor:

[...] reunimos, nesta obra, [compilação] os artigos que podem compor, a bem dizer, um código de moral universal [Codificador], sem distinção de culto. Nas citações, conservamos o que é útil ao desenvolvimento da ideia, pondo de lado unicamente o que se não prende ao assunto. [1]

Dentro deste espírito, o sábio de Lyon, apresenta na filosofia espírita que não há nada que possa superar os ensinos de Jesus, fazendo ressurgir, outra vez, a moral crística na sua mais pura expressão, quando afirma, primeiro no início de O livro dos Espíritos:

A moral dos Espíritos Superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. [2]

Em seguida, agora na Conclusão da referida obra, adiciona:

Não, o Espiritismo não traz moral diferente da de Jesus. [3]

E, como se não bastasse, na derradeira publicação constituindo, por assim dizer, o Pentateuco espírita, confirma categórico:

A moral que os Espíritos ensinam é a do Cristo, pela razão de que não há outra melhor. [4] 

Infelizmente, mesmo com mais uma ressureição do Cristo agora em pleno século XIX, e, transcorridos mais de dois mil anos desde o seu nascimento, o Cristianismo ainda apresenta escassas colheitas de luz, pois a Humanidade ainda insiste em permanecer nas sombras da ignorância dos seus ensinos e na prática generalizada do destempero moral.

Henri Dominique Lacordaire, aflito, expressa a sua perplexidade por meio de uma comunicação mediúnica contida na obra em análise, indagando em 1863:

Oh! meu Deus, será preciso que o Cristo volte novamente à Terra para ensinar aos homens as tuas leis, que eles esquecem? [5]

Se este sábio e caridoso religioso dominicano estivesse conosco no século XXI, talvez se surpreendesse, pois o Cristo já voltou à Terra, contudo, de novo, os homens não se mostram muito inclinados a assimilar e incorporar a sua Doutrina de amor às próprias existências.

E o roteiro básico delineado pelo Divino Amigo não deixa dúvidas: elevação pelo sacrifício, amor em qualquer circunstância.

Há 160 anos Jesus ressurge mais uma vez!

Mas não com o mesmo corpo físico que ocupou durante a sua breve passagem pela Terra, definição propriamente dita do fenômeno da ressurreição, possibilidade negada de forma categórica pela Ciência, mas por intermédio de outro revestimento, outro corpo, formado pelas obras que compõem o Espiritismo  o Consolador Prometido , através de pensamentos, raciocínios, explicações, um verdadeiro corpo doutrinário, eterno, que não pode ser crucificado, muito menos torturado, e que permanecerá conosco pelos tempos afora.

É muito importante ressaltar e ratificar que, como revelou o Espiritismo [6], quando Jesus ressurgiu, não o fez com o mesmo corpo físico recém deixado na Terra, ao invés, se apresentou pela tangibilidade de seu perispírito, uma das várias propriedades deste também chamado corpo bioplasmático. Além de torná-lo tangível, o seu corpo fluídico também reproduzia a mesma aparência do correspondente corpo biológico de Jesus, há pouco sepultado, tornando o Mestre agora um ser fluídico.

O Governador do planeta espera pacientemente que, com a chegada da Terceira Revelação no século XIX, o homem também promova, por fim, a sua própria ressurreição moral, para sairmos da morte espiritual em que nos encontramos, pois os tempos são chegados e por aqui  na Terra , permanecerão apenas aqueles que desejarem seguir seus passos tão bem lembrados e explicados pela Doutrina dos Imortais, em particular, pelo O evangelho segundo o espiritismo.

A nossa homenagem a este extraordinário livro não estaria completa se não endereçássemos também algumas sinceras palavras ao autor da Doutrina  Hypolite Léon Denisard Rivail   que, através de seu meticuloso e incansável trabalho, ressuscitou nosso guia e modelo, o Humilde Carpinteiro. Mais conhecido por Allan Kardec, também permanece em nossos corações e, por isso, expressamos nesta hora da tanta incerteza por que atravessa esta Casa Celestial, a nossa imensa gratidão, igualmente neste mês de abril, que também marca de forma indelével o surgimento do Espiritismo.

Ressuscitando Jesus, a Doutrina Espírita abriu novos e promissores horizontes, os quais, apesar das muitas dúvidas e sombras que ainda nos cercam, podem nos ajudar sobremaneira a seguir fortalecidos e intimoratos em nossa marcha evolutiva, rumo ao Pai de Todos.

O Sermão do Monte foi anunciado de novo, com seus hinos de esperança, e aqui nos encontramos ao pé daquele monte, outra vez, com os olhos voltados para o Mestre nos aguardando até o fim dos tempos, hipnotizados por aquelas mágicas palavras, para quem possuir ouvidos de ouvir, ouça!


REFERÊNCIAS:

[1] KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro.  131. Ed. 6. Imp. [Edição Histórica]. Brasília, DF: FEB, 2015. Introdução.

[2] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3ª Edição Comemorativa do Sesquicentenário. Brasília, DF: FEB, 2007. Introdução.

[3] _______._______. Conclusão. it. VIII.

[4] _______. A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 53. ed. 1. imp. [Edição Histórica]. Brasília, DF: FEB, 2013. cap. I. it. 56.

[5] KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 131. ed. 6. imp. [Edição Histórica]. Brasília, DF: FEB, 2015. Bem-aventurados os pobres de espírito. cap. VII. it. 11.

[6] _______. A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 53. ed. 1. imp. [Edição Histórica]. Brasília, DF: FEB, 2013. cap. XV. it. 64-67.


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Lembrando que a obra O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec está disponível livremente disponível para download na nossa Sala de Leitura.


Veja aqui os artigos anteriores da série especial 160 anos do lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo.

Continue conosco e acompanhe os próximos artigos da série.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Live Especial: 160 anos de "O Evangelho segundo o Espiritismo"




Dentro da nossa série de homenagens pelos 160 anos do lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo, que comemoramos neste mês de abril, o  nosso canal Portal Luz Espírita no YouTube transmitirá no próximo domingo, dia 21 de abril, às 10h (horário de Brasília) mais uma Live Especial, que nesta ocasião contará com a mediação compartilhada por Ery Lopes e o casal Janete & Rivail Junior (os apresentadores do programa Evangelho no Lar Online).

Será um bate-papo informal, descontraído, conversando sobre a importância da obra aniversariante, do seu autor (Allan Kardec) e o valor prático deste magnífico livro para todos nós, espíritas ou simpatizantes.

Ah, o chat do vídeo estará aberto e todos poderão participar, enviando comentários, dúvidas ou sugestões.

Não perca!
É neste domingo, 21 de abril
Às 10h (horário de Brasília)

Aproveite e se inscreva no canal, ative o sininho e receba a notificação assim que a transmissão começar.


Compartilha com seus familiares e amigos!
 

quarta-feira, 17 de abril de 2024

18 de abril: Dia do Espiritismo


Recuando no tempo exatamente 167 anos, vamos nos imaginar passeando pelas ruas de Paris, numa bela manhã de sábado, ensolarada e florida, com os ares agradáveis da primavera europeia. Agora, adentrando o Palais-Royal (importante centro comercial e cultural da época), percorrendo suas galerias repletas de lojas, finalmente nos deparamos com um surpreendente lançamento exposto bem na porta da livraria do Sr.  Édouard Dentu, localizada na Galeria d'Orléans, n° 13: e lá estava a novíssima obra: Le Livre des Esprits, no original em francês; para nós, em português O Livro dos Espíritos. Desde então todo 18 de abril é lembrada como a data de inauguração da Doutrina Espírita, ou Espiritismo.

Palais-Royal, em Paris.

Galerias do Palais-Royal

Livraria Dentu, no n° 13 da a Galeria d'Orléans

Édouard Dentu, primeiro editor de O Livro dos Espíritos

Allan Kardec, autor de O Livro dos Espíritos


Novíssima edição traduzida

Portanto, nós temos esta data como a do aniversário do Espiritismo, e a festejamos com muita alegria e reverência a todos aqueles — encarnados e desencarnados — que contribuíram para que essa luz extraordinária viesse até nós. No plano terreno, não há como não render homenagens a Allan Kardec e a sua esposa Amélie Gabrielle Boudet; das hostes celestiais, a elaboração desta campanha em prol da evolução da humanidade há de ter tido inúmeros Espíritos missionários engajados, mas principalmente podemos citar os nomes daqueles que assinaram os Prolegômenos do livro:

SÃO JOÃO EVANGELISTA, SANTO AGOSTINHO, SÃO VICENTE DE PAULO, SÃO LUÍS, O ESPÍRITO DE VERDADE, SÓCRATES, PLATÃO, FÉNELON, FRANKLIN, SWEDENBORG etc.

E vale a pena relembrar a exortação que precede estas assinaturas:

“Lembra-te de que os Bons Espíritos não auxiliam senão aos que servem a Deus com humildade e desinteresse, e que repudiam todo aquele que busca na senda do céu um degrau para conquistar as coisas da Terra; eles se afastam do orgulhoso e do ambicioso. O orgulho e a ambição serão sempre uma barreira erguida entre o homem e Deus; este é um véu lançado sobre as claridades celestes, e Deus não pode servir-se do cego para fazer a luz compreensível.”

O Livro dos Espíritos
, Allan Kardec
'Prolegômenos'

Neste dia solene, vamos todos nos unir em oração para que esta luz toque mais corações e console mais mentes, e então o reino de Deus estará mais perto de ser implantado na Terra, para nossa felicidade.

Viva o Espiritismo!

terça-feira, 16 de abril de 2024

160 anos "O Evangelho segundo o Espiritismo", por Paulo Neto



Ainda em ritmo de festividade pelos 160 anos do lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec, continuamos a nossa série de artigos especiais sob este propósito, envolvendo a participação de grandes divulgadores do Espiritismo no Brasil e no exterior.

O texto de hoje vem da Minas Gerais, da autoria do nosso confrade a amigo Paulo Neto, de Belo Horizonte, grande pesquisador e divulgador do Espiritismo, que vem contribuir conosco com interessantes aspectos históricos da obra, por exemplo, o nome original do livro, nome esse, aliás, que deu o que falar!

Confira abaixo!


Da Imitação ao Evangelho de Jesus
Paulo Neto

Allan Kardec (1804-1869), o insigne Codificador do Espiritismo, no mês de abril de 1864, anuncia aos assinantes da Revista Espírita e ao público em geral que já se encontrava à venda a obra Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo. Pouco tempo depois, esclarece que “Por efeito de reiteradas observações do Sr. Didier [editor gráfico] e de algumas outras pessoas, mudei o título para O Evangelho Segundo o Espiritismo.”

Na data de 9 agosto de 1863 ainda trabalhava na obra, dialogando com um Espírito, que supomos ser Erasto, quando lhe foi dito: “Esse livro de doutrina terá considerável influência, pois que explanas questões capitais, e não só o mundo religioso encontrará nele as máximas que lhe são necessárias, como também a vida prática das nações haurirá dele instruções excelentes. Fizeste bem enfrentando as questões de alta moral prática, do ponto de vista dos interesses gerais, dos interesses sociais e dos interesses religiosos. […].”

Em maio 1864, o Espírito de Verdade, em uma mensagem ocorrida na cidade de Bordeaux, diz “Acaba de aparecer um novo livro; é uma luz mais brilhante que vem clarear a vossa marcha.” Portanto, o objetivo de O Evangelho Segundo o Espiritismo é iluminar o nosso caminho evolutivo, quando nos incentiva a preocupar com as questões morais dos ensinos do Cristo, única forma de atingirmos à condição de Espíritos puros, meta a que todos nós estamos sujeitos.

Na sua Introdução, Allan Kardec deixa bem claro que o teor dessa obra está voltado para a moral pregada por Cristo, deixando de fora as questões controvérsias que frutificam do dogmatismo.

Certa feita, ocorreu-nos de comparar o teor de O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE) com o Sermão da Montanha (SM): a) o ESE contém 28 capítulos, dos quais 20 comentam versículos do SM, e b) O SM, cap. 5, 6 e 7 de Mateus, contém 111 versículos, destes 95 são mencionados no ESE. Assim, em resumo temos que 71% dos capítulos do ESE tratam do SM, e tomando-se como parâmetro os versículos do SM, 86% constam do ESE. Achamos isso fantástico, pois julgamos que toda a moral de Jesus se encontra justamente no Sermão da Montanha.

Se o objetivo principal do Espiritismo é a renovação da Humanidade, então O Evangelho Segundo o Espiritismo é de importância fundamental, razão pela qual devemos estudá-lo a fundo, para que possamos bem compreender o ensino moral do Mestre de Nazaré e assim termos condições de colocá-lo em prática, modo pelo qual faremos com que as “asas de anjo”, que todos nós temos, se resplandeçam.

Paulo Neto

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Lembrando que a obra O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec está disponível livremente disponível para download na nossa Sala de Leitura.


Veja aqui os artigos anteriores da série especial 160 anos do lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo.

Continue conosco e acompanhe os próximos artigos da série.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

160 anos "O Evangelho segundo o Espiritismo", por Elsa Rossi

Tivemos ontem mais um aniversário de lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec, aliás, uma marca redonda; 160 anos do "mais completo código moral da História", na definição do nosso irmão Jorge Hessen, que abriu a série de artigos especiais preparada pela equipe Luz Espírita, envolvendo a participação de grandes divulgadores do Espiritismo no Brasil e no exterior.

Hoje, em continuidade a esta série, trazemos o depoimento de nossa amiga Elsa Rossi, paranaense, com destacado trabalho no Brasil e na Inglaterra, junto à União Britânica de Sociedades Espíritas - British Union of Spiritist Societies (BUSS). Ela salienta o caráter de luminosidade desta obra kardequiana, no sentido de clarear o entendimento quanto aos verdadeiros valores espirituais, e ainda conclui sua composição com em tom poético, fazendo da versificação um acróstico com a palavra EVANGELHO.

Confira abaixo!


160 anos de Luz
Elsa Rossi


Amigos e amigas queridos e queridas.

Destaco em nossa escrita, alguns pontos de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que, sei, também atrai o olhar e atenção de muitos. 160 anos de luz.

O prefácio do Evangelho Segundo o Espiritismo, ditado pelo Espírito de Verdade, livro organizado por Allan Kardec, é composto por parágrafos com um conhecimento de mil páginas. Destaco aqui, o que se encontra na contracapa do meu exemplar, publicado pela editora CELD do  Rio de Janeiro:

"As grandes vozes do Céu ressoam como som do clarim, e os coros dos anjos se reúnem. Homens, nós vos convidamos para o divino concerto; que vossas mãos peguem a lira; que vossas vozes se unam, e que em um hino sagrado, elas se propaguem e vibrem em toda a extensão do Universo."

Neste meu exemplar, traduzido por Albertina Escudeiro Sêco, na sua 5ª. edição, publicada em 2010, fica claro o conteúdo:

"Contendo a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação nas diversas situações da vida."

Lemos ainda na folha de rosto:

"Não há fé inquebrantável senão aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade."

Sendo o Evangelho a Boa Nova trazida por Jesus, e colocada ao público com as explicações dos Espíritos que compõem a Codificação, é também um livro de psicologia de vida. Deveríamos todos nós, termos uma cópia do evangelho de bolso, em nossas bolsas, ter uma cópia no porta luvas do carro, aos que se utilizam dessa locomoção, facilitar encontrar cópia dentro de casa, como faz minha amiga: Ela coloca um exemplar do Evangelho em todos os quartos, além do permanente ao alcance das mãos, na sala.

Nos momentos de nossas dificuldades, abri-lo ao acaso, ou estudá-lo sequencialmente, nos trará o lenitivo do entendimento porque sofremos, e a conexão com a Espiritualidade, a oração, a leitura, nos ajuda a prosseguirmos.

160 deste livro luz. Somente podemos agradecer à Espiritualidade que, como discípulos de Jesus, continuam sem descanso, a cuidar deste rebanho imenso que é a humanidade, para que não caiamos nos abismos e não nos percamos.

Está mais do que na hora de colocarmos o entendimento da filosofia espírita, da psicologia espírita em nossas vidas, sem que isso nos impeça de darmos continuidade à frequência em nossos templos religiosos.

Felizes dos que seguem a Jesus e a sua moral dos Universos.

Ave Cristo!


Ele chegou num momento especial, trazendo a nova lei do perdão  

Viajou muito para encarnar na matéria, se fez o líder da paz  

Auxiliando a humanidade sem rumo a entender qual caminho seguir, a 

Navegar por novas eras do espírito imortal. 
 
Ganhou adeptos, arrebanhou corações, fez milagres, deu a outra face 

Elevando o conhecimento em cada um, o não revidar, sem vinganças, só amar 

Lavando almas de iniquidades e dor, presos a matéria, da miséria e da riqueza 

Há flores no caminho com Jesus, há espinhos sem sua presença 

Onde quer que estejamos, a mesma lei do Amor, fertiliza nossos espíritos imortais por séculos e séculos, idas e vindas.

Elsa Rossi

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Lembrando que a obra O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec está disponível livremente disponível para download na nossa Sala de Leitura.


Se você não viu, confira aqui o primeiro artigo da série especial 160 anos do lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo.

Continue conosco e acompanhe os próximos artigos da série.