sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Debate filosófico sobre Espiritismo: Luiz Felipe Pondé x Cosme Massi


A internet e, especialmente, as redes sociais, tem nos proporcionado um canal aberto de debate sobre os mais diversos assuntos — desde as mais irrelevantes, como as possíveis alternativas para o final de uma telenovela, até os mais profundos temas filosóficos. É verdade que essa democratização de opinião dá azo para todas as qualidades de comentários e que muitas das vezes as opiniões mais "curtidas" e compartilhadas são aquelas que "jogam para a plateia", de pessoas que desconhecem o mínimo do que falam mas que com gracejo, e às vezes malícia, conseguem sobressair-se diante de um público tão fascinado por ideologias e hipnotizado pelos apelos visuais da dinâmica própria das mídias online. Por isso, muitos "tecnocratas" da área da comunicação temem o fato de que, segundo eles, "a internet deu voz aos idiotas", enquanto que a "plebe rude" vai comemorar a oportunidade de "balançar o coreto" dos conservadores dominantes.

De nossa parte, sobre essa problemática, observamos com certa justeza a preocupação com as vozes deliberadamente motivadas por ideologias anárquicas e interesseiras (basta vez a questão do fake news, ou seja, notícias falsas), ao mesmo tempo em que consideramos positivo essa diversidade, para o ensaio e experimentação das capacidades individuais.

Mas então, dada essa oportunidade, tomamos nota de um embate filosófico interessante, aberto com um vídeo do filósofo Luiz Felipe Pondé com um vídeo intitulado "O espiritismo é uma filosofia respeitada pelo mainstream filosófico?", rebatido por Cosme Massi.

O pernambucano Luiz Felipe Pondé é doutor em filosofia pela USP, escritor, autor do best-seller Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, muito recorrido nas mídias e, entre outras coisas, é atualmente professor de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Veja o vídeo de Luiz Felipe Pondé questionando se a Filosofia Espírita é consistente:


Cosme Massi é pedagogo, escritor, palestrante e conceituado ativista espírita, explicitamente devotado às obras básicas de Allan Kardec, idealizador do canal Kardequepedia.

Resposta de Cosme Massi:



Entendemos que esse embate filosófico é importante — para todos — porque, em primeiro lugar, expõe livremente ideias de pessoas notáveis, conscientes do valor da questão (ainda que Pondé demonstre desconhecimento profundo sobre a Doutrina Espírita, ele é capacitado intelectualmente para compreender o peso de suas opiniões) e ambos proporcionam ao seu respectivo público uma via de reflexão a respeito do pensamento do outro. Ou seja, os seguidores de Pondé (pelo jeito, majoritariamente ateu e materialista) têm, por indução do respeitado filósofo, uma chance a mais de refletir sobre a Filosofia Espírita, e, por outro lado, os espíritas têm o ensejo de conhecer visões antagônicas sobre questões de nosso interesse. O saldo disso tudo, para aqueles que estiverem honestamente atentos ao confronto de ideias — o que é próprio da Filosofia —, é um salutar esforço evolutivo em que todos têm a ganhar, desde que respeitem os princípios da lógica e da razão.

Ora, se acreditamos que os grandes problemas da não aceitação do Espiritismo no establishment filosófico e acadêmico sejam exatamente a ignorância dos princípios espíritas e o preconceito dos partícipes dessa elite contra a nossa Doutrina Espírita, então, eis aí mais uma oportunidade aberta para que os atuais antagonistas conheceremo melhor a obra kardequiana — como fundamento imprescindível para eles sustentarem suas ideias opostas a Kardec — e, conhecendo-a, repensarem seus conceitos e enfim penetrarem nas propostas espíritas para os grandes questionamentos metafísicos que atormentam os filósofos há milênios.

Sinceramente, não somos ingênuos o bastante para propor uma "conversão" de Pondé; ele demonstra ter uma posição bem definida sobre fé e religião, é uma espécie de guru entre os partidários dessa ordem de pensamento. Não lhe seria fácil saltar dessa plataforma há muito já arquitetada em sua carreira pública para uma outra que, principalmente, lhe imporia compromissos tão novos e desafiadores para quem construiu toda uma reconhecida carreira sustentando ideias tão opostas. Todavia, se o debate prosseguir, respeitados os princípios filosóficos, todos nós só temos a ganhar, inclusive os espíritas, pois, diante dos antagonismos, poderão revigorar suas concepções mediante mais estudos e exercícios de ideias diversas.

Entendemos que Cosme Massi respondeu bem às arguições de Pondé. Evidentemente que muitos outros detalhes poderiam ter sido acrescidos à sua fala, dada a complexidade do tema e as falhas racionais abertas pelos apontamentos de Pondé, mas, de forma geral, a resposta de Massi está a contento. Além do mais, porque o debate pode continuar — e esperamos que assim seja — e não apenas por esses dois protagonistas, mas por todos que desejem graduar suas concepções.

Cosme Massi deixou sua contribuição ao debate. Com a palavra, Pondé...

3 comentários:

  1. Parabéns ao nosso querido Cosme Passi:
    Li a tua argumentação bem calcada em conceitos positivos sobre a Doutrina Espirita.
    Você mostrou para todos nós espíritas conscientes, que o ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO, CIÊNCIA E FILOSOFIA.
    È claro que o Pondé, não conhece a Doutrina Espírita, e por isso mesmo emite conceitos impróprios sobre o ESPIRITISMO.
    Interessante, ele não leu nenhum livro da CODIFICAÇÃO, e tem a prepotência de analisar o ESPIRITISMO, pela sua visão distorcida e comprometida com o materialismo próprio dos intelectuais de última hora.
    Ruy E. N. Barbosa


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  2. Prezado Cosme Massi:
    Com esta espécie de filósofos materialistas, é impossível faze-lo entender o que seja o Espiritismo.
    Ele jamais aceitará a sua valiosa explicação, assim como o Pondé jamais poderá fazê-lo aceitar a sua opinião.
    Como é possível uma pessoa combater o Espiritismo, se ele (Pondé) jamais leu um livro espírita.
    Ruy E. N. Barbosa

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  3. Poderíamos tb falar a Pondé que já houve na história da ciência quem colocou à prova científica a existência do espírito, ou, em outros termos, comprovou que a consciência, ou memória, não é fruto de mera química cerebral. Será que Pondé conhece por exemplo o trabalho de Richet, nobel de fisiologia? E pra não ficar somente no passado, as pesquisas mais recentes sobre EQMs de Sam Parnia e Pim van Lommel publicadas em notórias revistas científicas? E a extensa e convincente pesquisa realizada por Ian Stevenson (cientista elogiado por Carl Sagan nessa matéria) sobre reencarnação?
    Confesso que gostaria que o Pondé presenciasse uma sessão de materialização em sua própria residência, então talvez o colocássemos à prova como filósofo, pois o verdadeiro filósofo deve sempre buscar a inteligência por trás dos fatos naturais, por mais raros e incríveis q possam parecer. Caso contrário não é filósofo, mas publicitário, influencer ou representante comercial das ilusões materiais que estão criando uma verdadeira epidemia de problemas mentais como depressão, ansiedade etc principalmente na juventude que não se contenta com as distrações superficiais e objetivos fúteis que o materialismo propõe.

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