Que tenhamos todos um 2019 repleto de realizações espirituais.
São os votos da Equipe Luz Espírita para todos nós.
O lançamento daquela primeira edição desta tradução, de certa forma, já se fazia imperativo após sua citação no documentário Espiritismo à Francesa: a derrocada do Movimento Espírita na França pós Kardec, do qual foi uma das obras de referência para o roteiro daquele filme, então atendendo a apelos de um público sedente por conhecer o que Madame Fropo tinha a nos dizer sobre o que estavam fazendo com a Doutrina Espírita depois do trespasse do seu codificador.
Desta feita, no anseio por satisfazer o salutar interesse dos estudiosos, ofertamos a todos aquela primeira versão aportuguesada de Beaucoup de Lumière, não apressada, mas diligente, mediante os recursos de que dispúnhamos. Ocorre que, após aquela primeira edição, alguns ocorridos — bastante positivos, por sinal — nos impulsionaram a rever a primeira versão e a providenciar esta edição revisada e ampliada.
E não podemos deixar de agradecer ao apoio de tantos amigos, de confrades e de tantos sites e outros canais de divulgação do Espiritismo que ajudaram no compartilhamento deste trabalho, confiantes de que semelhante apoio continuará na propaganda desta edição revisada e ampliada.Os tradutores
“Meu caro filho, vou falar-te um instante das questões de caridade que te preocupavam esta manhã quando ias ao trabalho.
“As crianças que são entregues a amas mercenárias; as mulheres pobres que são forçadas, abdicando do pudor que lhes é caro, a servir nos hospitais de material experimental aos médicos e aos estudantes de Medicina, são duas grandes chagas que todos os bons corações devem aplicar-se em curar, e isto não é impossível. Que os espíritas façam como os católicos, contribuindo com alguns centavos por semana e capitalizando esses recursos, de modo a chegarem a fundações sérias, grandes e verdadeiramente eficazes. A caridade que alivia um mal presente é uma caridade santa, que encorajo com todas as minhas forças; mas a caridade que se perpetua nas fundações imortais, destinada a aliviar as misérias, é a caridade inteligente e que me tornaria feliz ao vê-la posta em prática.
“Gostaria que um trabalho fosse elaborado visando a criar, inicialmente, um primeiro estabelecimento de proporções restritas. Quando se tivesse visto o bom resultado dessa primeira criação, passar-se-ia a outra, que seria aumentada pouco a pouco, como Deus quer que seja aumentada, porque o progresso se realiza em marcha lenta, sábia, calculada. Repito que o que proponho não é difícil; não haveria um só espírita verdadeiro que ousasse faltar ao apelo para o alívio de seus semelhantes, e os espíritas são bastante numerosos para formar, pelo acúmulo de algumas moedas por semana, um capital suficiente para um primeiro estabelecimento destinado a mulheres doentes, que seriam cuidadas por mulheres e que então deixariam de ocultar seus sofrimentos para salvar o seu pudor.
“Entrego estas reflexões às meditações das pessoas benevolentes que assistem à sessão e estou bem convicta de que elas darão bons frutos. Os grupos da província se congregariam prontamente a uma ideia tão bela e, ao mesmo tempo, tão útil e tão paternal. Aliás seria um monumento do valor moral do Espiritismo, tão caluniado, hoje e ainda por muito tempo, encarniçadamente.
“Eu disse que a caridade local é boa, aproveita a um indivíduo mas não eleva o espírito das massas como uma obra durável. Não seria belo que se pudesse repelir a calúnia, dizendo aos caluniadores: ‘Eis o que fizemos. Reconhece-se a árvore pelo fruto; uma árvore má não dá bons frutos e uma boa árvore não os dá maus.’
“Pensai também nas pobres crianças que saem dos hospitais e que vão morrer em mãos mercenárias, dois crimes simultâneos: o de entregar a criança desarmada e fraca, e o crime daquele que a sacrificou sem piedade. Que todos os corações elevem seus pensamentos para as tristes vítimas da sociedade imprevidente, e que se esforcem por encontrar uma boa solução para as salvar de suas misérias. Deus quer que se tente, e dá os meios de o alcançar; é preciso agir. Triunfa-se quando se tem fé, e a fé transporta montanhas. Que o Sr. Kardec trate a questão em seu jornal e vereis como será aclamada com calor e entusiasmo.
“Eu disse que era preciso um monumento material que atestasse a fé dos espíritas, como as pirâmides do Egito atestam a vaidade dos faraós; mas, em vez de fazer loucuras, fazei obras que levem o selo do próprio Deus. Todo mundo deve compreender-me; não insisto.
“Retiro-me, meu caro filho. Como vês, tua boa avó ama sempre os seus filhotes, como te amava quando eras pequenino. Quero que tu os ames como eu, e que penses em encontrar uma boa organização. Poderás, se o quiseres; e, se necessário, nós te ajudaremos. Eu te abençoo.”
Marie G...
A ideia de uma caixa central e geral de socorro, formada entre os espíritas, já foi concebida e manifestada por homens animados de excelentes intenções. Mas não basta que uma ideia seja grande, bela e generosa; antes de tudo é preciso que seja exequível. Certamente temos dado mostras suficientes de nosso devotamento à causa do Espiritismo, para não ser suspeito de indiferença a seu respeito. Ora, é precisamente em razão de nossa própria solicitude que procuramos nos resguardar contra o entusiasmo que cega. Antes de empreender uma coisa, é preciso friamente calcular-lhe os prós e os contras, a fim de evitar reveses sempre deploráveis, que não deixariam de ser explorados por nossos adversários. O Espiritismo só deve marchar com segurança, e quando põe o pé num lugar deve estar seguro de pisar terreno firme. Nem sempre a vitória é do mais apressado, mas com muito mais probabilidade daquele que sabe esperar o momento propício.
Allan Kardec
Há resultados que só podem ser obra do tempo e da infiltração da ideia no espírito das massas. Saibamos, pois, esperar que a árvore esteja formada, antes de lhe pedir uma colheita abundante.
Então é preciso que, por medo, o Espiritismo fique estacionário? Não é agindo, dirão, que ele mostrará o que é, que dissipará as desconfianças e frustrará a calúnia? Sem nenhuma dúvida; mas não se deve pedir à criança o que exige as forças da idade viril. Longe de servir ao Espiritismo, seria comprometê-lo e expô-lo aos golpes e às gargalhadas dos adversários e misturar seu nome a coisas quiméricas. Certamente ele deve agir, mas no limite do possível. Deixemos-lhe, pois, tempo para adquirir as forças necessárias e então dará mais do que se pensa. Ele nem mesmo está completamente constituído em teoria; como querem que dê o que só pode ser resultado do complemento da doutrina?
O que acaba de ser dito a respeito da criação de uma caixa geral e central de socorro, aplica-se naturalmente aos projetos de fundação de estabelecimentos hospitalares e outros. Ora, aqui a utopia é ainda mais evidente. Se é fácil lançar um projeto sobre o papel, o mesmo não se dá quando se chega às vias e meios de execução. Construir um edifício ad hoc já é muito; e quando estivesse pronto, seria preciso provê-lo de pessoal suficiente e capaz, e depois assegurar a sua manutenção, porque tais estabelecimentos custam muito e nada rendem. Não são apenas grandes capitais que se exigem, mas grandes rendimentos. Admitindo-se, contudo, que à força de perseverança e de sacrifícios se chegasse a criar um pequeno modelo, quão mínimas não seriam as necessidades a que poderia satisfazer, em relação à massa e à disseminação dos necessitados em um vasto território! Seria uma gota d’água no oceano; e, se há tantas dificuldades para um só, mesmo em pequena escala, seria muito pior se se tratasse de os multiplicar. Na realidade, o dinheiro assim empregado não adiantaria, pois, senão a alguns indivíduos, ao passo que, judiciosamente repartido, ajudaria a viver um grande número de infelizes.
O Espiritismo — diz o Espírito que ditou a comunicação acima — deve firmar-se e mostrar o que é por um monumento durável, erguido à caridade. Mas de que serviria um monumento à caridade, se a caridade não estiver no coração? Ele ergue um mais durável que um monumento de pedra: é a doutrina e suas consequências para o bem da Humanidade. É nisto que cada um deve trabalhar com todas as suas forças, porque durará mais que as pirâmides do Egito.Quanta lição!
Pelo fato de esse Espírito se enganar, segundo nós, sobre tal ponto, isto nada lhe retira de suas qualidades; incontestavelmente está animado de excelentes sentimentos. Mas um Espírito pode ser muito bom, sem ser um apreciador infalível de todas as coisas. Nem todo bom soldado é, necessariamente, um bom general.Ora, o nosso Movimento Espírita está cheio de iniciativas, só que lhe falta terminativa, ou, melhor, continuativa. No afã de — honestamente, quase sempre — promover atividades doutrinárias, não raro se cai na tentação de querer reinventar coisas, lançar modas e criar sensacionalismos que vingue no gosto popular. Precisamente nesse erro tem caído muitas crenças, no que determinadas instituições religiosas acabam por flexibilizar sua doutrina e liturgia para acomodar as necessidades individuais dos pretensos religiosos; tudo para agradar a todos. Tal absurdo não cabe no Espiritismo, que observa as Leis Naturais instituídas por Deus, com toda a sabedoria e justeza, pelo que são imutáveis, portanto, não se adapta ao gosto ou necessidades individuais.
“Diremos apenas que este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo. Evidentemente, o fluido magnético desempenha aí importante papel; porém, quem examina cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa. A magnetização ordinária é um verdadeiro tratamento seguido, regular e metódico; no caso que apreciamos, as coisas se passam de modo inteiramente diverso. Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo. A intervenção de uma potência oculta, que é o que constitui a mediunidade, se faz manifesta, em certas circunstâncias, sobretudo se considerarmos que a maioria das pessoas que podem, com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, que é uma verdadeira evocação.”
“Médiuns curadores: os que têm o poder de curar ou de aliviar o doente, pela só imposição das mãos, ou pela prece. Esta faculdade não é essencialmente mediúnica; possuem-na todos os verdadeiros crentes, sejam médiuns ou não. As mais das vezes, é apenas uma exaltação do poder magnético, fortalecido, se necessário, pelo concurso de bons Espíritos.”
“O médium curador recebe o influxo fluídico do Espírito, ao passo que o magnetizador tudo tira de si mesmo. Mas os médiuns curadores, na estrita acepção da palavra, isto é, aqueles cuja personalidade se apaga completamente ante a ação espiritual, são extremamente raros, porque essa faculdade, elevada ao mais alto grau, requer um conjunto de qualidades morais raramente encontradas na Terra; só esses podem obter, pela imposição das mãos, essas curas instantâneas que nos parecem prodigiosas. Sendo, pois, a mediunidade curadora uma exceção aqui na Terra, disso resulta que há quase sempre ação simultânea do fluido espiritual e do fluido humano; quer dizer que os médiuns curadores são todos mais ou menos magnetizadores, razão pela qual agem conforme os processos magnéticos.”
A Doutrina Espírita atua com o trabalho de caridade material e espiritual desinteressada, sem nenhum propósito a não ser o de auxiliar os necessitados.
“Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: Dai de graça o que de graça recebestes” (O evangelho segundo o Espiritismo, cap. 26).
O Espiritismo orienta que o serviço espiritual não deve ocorrer isoladamente, apenas com a presença do médium e da pessoa assistida. Não recomenda, portanto, a atividade de médiuns que atuem em trabalho individual, por conta própria. Estes não estão vinculados ao Movimento Espírita, nem seguindo sua orientação.
A Federação Espírita Brasileira, junto ao Movimento Espírita, fundamentada na tríade Deus, Cristo e Caridade, pratica o bem, levando consolo e esclarecimento à humanidade.
“Não é a mediunidade que te distingue. É aquilo que fazes dela”. (Emmanuel, em Seara dos Médiuns, cap. 12, psicografado por Chico Xavier).